domingo, 10 de agosto de 2008

Homenagem ao dia dos pais

Hoje é dia dos pais, dia de churrasco, de festa, de alegria. Muitas pessoas vão lá, dão aquele abraço apertado, trocam presentes. Outros nem tanto, acham que é apenas mais uma data comercial, uma data para gastar tempo.

Eu sou filha de pais separados, então dia dos pais era com o pai, dia das mães com a mãe. Natal era uma correria, um pouco com cada. Ano Novo, na praia com o pai, uma semaninha, porque ele nunca tirava férias direito. Férias de fevereiro era aquela loucura, mas com nenhum dos dois, era no interior, com dezenas de primos, e o dia-a-dia de aulas com a mãe, e quando precisava correr para o Pronto Socorro ligava correndo para o pai vir pegar de carro e acalmar os nervos.

O sorvete era a chantagem para tomar injeção, mas o sorriso e a presença eram o que me faziam agüentar aquilo sempre. Da vez que precisei levar pontos, da vez que engessei o braço, da vez que estava dormindo na aula e o professor ficou bravo, tantas outras vezes.

Hoje é dia de homenageá-lo, já que viveu plenamente. Plantou uma árvore (na verdade muitas mais), teve três filhos, só não escreveu um livro porque não teve tempo. Ou porque não quis mesmo. Aconteceu com ele aquilo que sempre é dito e ninguém acredita, a vida passa muito rápido e quando menos esperamos, ela escapa pelas mãos que a teimam em segurar. Olhamos muito para as alegrias e esquecemos, às vezes, de também aprender com a nossa tristeza. A perda dele foi muito sentida, calou fundo, mas também me ensinou muito.

Aprendi que não posso deixar de pensar em meus objetivos para hoje, para ontem, e para amanhã. A não esquecer de ouvir mais minha voz interior, e não me deixar levar pela vida um dia após o outro. E também aprendi que não posso deixar de falar quando tenho a oportunidade: abandone o cigarro, antes que ele te abandone após acabar com você.

Eu me sinto triste de pensar que se não fosse unicamente por causa disto, hoje eu estaria almoçando com ele, comemorando meu mestrado concluído e quem sabe a aprovação ao doutorado. Teria ele conhecido meu noivo, feito aquelas cenas de ciúmes que todo pai faz, me levaria pelo braço até o altar, teria minha lua-de-mel em Recife e até topava novamente aquelas chantagens para tomar injeção. A tristeza aos poucos vai passar e um dia levarei meus presentes, que guardo em meu peito, até você novamente. Até mais tarde!